A FLORA

A flora é o conjunto de plantas que crescem em uma determinada região. Isso inclui árvores, flores, arbustos e até pequenas plantas. Cada local tem um tipo de flora que se adapta às condições do clima, do solo e da água do lugar. No Parque Caminho do Peabiru, a diversidade de plantas é muito grande, o que cria paisagens naturais muito bonitas e cheias de vida. A floresta que forma o parque é secundária e encontra-se em estágio avançado de regeneração.

A vegetação do parque é composta principalmente por árvores da Mata Atlântica, com destaque para espécies como a cupiúva e palmeiras, como o palmito-juçara. O chão da floresta é coberto por samambaias e bromélias, e muitas árvores altas formam uma sombra densa. A paisagem do parque é cheia de árvores caídas, provavelmente derrubadas pelos ventos, criando um ambiente interessante para quem explora o local.

No parque, algumas dessas plantas têm grande valor educacional e turístico, que oferecem um patrimônio de saberes e experiências materializados em múltiplos usos: construção naval, civil, medicinal, culinária, musical, moveleira, ornamental, melífera, etc. 

Exemplo do cedro, da canela-ferrugem e da maria-mole, usadas na construção de barcos e móveis. Outras plantas são importantes para a fauna local, como o araçá e o ingá-banana, que fornecem alimento para muitos animais. Além disso, existem espécies de interesse conservacionista, como o palmito-juçara, que está ameaçado de extinção.

A flora do parque enfrenta algumas ameaças que colocam em risco a biodiversidade do local, como o corte ilegal de árvores, a retirada de plantas como o palmito-juçara, o descarte de lixo e a invasão de espécies exóticas. Além disso, práticas como a entrada de animais de criação e a retirada de plantas para venda também afetam o equilíbrio natural do parque. Proteger esse patrimônio é essencial para a preservação da flora e de todo o ecossistema.

As espécies da flora  em quatro grupos (ameaçada de extinção, uso em atividades pesqueiras, uso medicinal e interação com a fauna), onde foram listadas 34 espécies destacadas, destas seis espécies estiveram presente em mais de um desses grupos, portanto possuem alto potencial para pesquisa, turismo e educação ambiental (tabela). O palmito-juçara, o tucum, o olandi, o bacupari, o araçá e a maria-mole são espécies que possuem características importantes para o ecossistema e para a população.

Espécies destacadas considerando os quatro grupos. AmEx: Ameaçada em Extinção; AtPes: Uso histórico na atividade pesqueira marinha; UsMed: Uso medicinal; IntFa: Interação com a fauna. Fonte: Do Autor.

NOME CIENTÍFICONOME COMUMAmExAtPesUsMedIntFa
Guatteria australisCortiça
Euterpe edulisPalmito juçara
Bactris setosaTucum
Achyrocline satureioidesMarcela
Bromelia antiacanthaBananinha-do-mato
Vriesea friburgensisCaraguatá
Calophyllum brasilienseOlandi, Guanandi
Trema micranthaGrandiúva
Clusia criuvaMangue-formiga
Garcinia gardnerianaBacupari
Alchornea triplinerviaTainheiro
Erytroxylum plifoliumCocão
Andira fraxinifoliaAndirá
Inga veraIngá-banana
Nectarandra opposifoliaCanela-ferrugem
Ocotea pretiosaCanela-sassafrás
Ocotea pulchellaCanelinha-da-praia
Byrsonima ligustrifoliaBaga-de-pombo
Pseudobombax grandiflorumEmbiruçu
Miconia cinnamomifoliaJacatirão
Miconia ligustroidesJacatirãozinho
Cedrela fissilisCedro
Guarea macrophyllaCatinguá-morcego
Trichilia sp.Catinguá-morcego
Campomanesia reitzianaGabiroba
Psidium cattleyanumAraçá
Virola bicuhybaBicuíba
Guapira oppositaMaria-mole
Pera glabrataSeca-ligeiro
Hieronyma alchorneoidesLicurana
Piper solmsianumCaapeba
Smilax spSalsa-parrilha
Solanum diploconosBaga-de-bugre
Cecropia glazioviiEmbaúba
TOTAL DE ESPÉCIES DESTAQUE: 343121017

O palmito-juçara (Euterpe edulis) é considerada uma espécie-chave porque interage na polinização de insetos, comumente, e na dispersão dos frutos que alimenta uma grupo bem diverso de animais, aves como dispersores primários e mamíferos não arborícolas como secundários.

O tucum (Bactris setosa) é uma palmeira de touceira. Das sementes dessa palmeira pode ser extraído um óleo alimentício e a polpa de fruto (coco) é comestível e muito procurados pela fauna silvestre em geral. Das fibras das folhas (Fig. 8) são tradicionalmente feitos barbantes muito resistentes para uso em redes de pesca. Mulheres barra velhenses fabricavam essas redes.

O olandi ou guanandi (Calopphyllum brasiliense) é uma árvore de tronco reto e por isso bem utilizado, historicamente, para construção naval e civil (Fig. 9). Considerada uma das primeiras madeiras de lei do Brasil, sendo hoje listada como ameaçada de extinção.

O araçá (Psidium cattleyanum), por ser uma Myrtaceae, sabidamente oferta uma grande quantidade de pólen e néctar para seus visitantes florais, atraindo muitos polinizadores. Por ter frutos suculentos com muitas sementes, também atrai uma variada fauna frugívora.

O bacupari (Garcinia gardneriana) é uma árvore cujos frutos maduros amarelos e sementes envoltas em polpa gelatinosa, são atrativos para a fauna comumente mamíferos (Fig. 11). Espécie desenvolve-se bem em sol pleno, podendo ser utilizada para recuperação de áreas degradadas.

A maria-mole (Guapira opposita) é uma árvore de pequeno porte e costuma formar núcleos de vegetação que permitem o estabelecimento de outras espécies ao seu redor. Ocorre com certa abundância em florestas de restinga.