A HISTÓRIA E A CULTURA
povos originários
A história de Barra Velha se entrelaça com a presença humana há milênios. Muito antes da chegada dos europeus, a região era habitada por povos indígenas que desenvolveram uma rica cultura e uma profunda conexão com o ambiente natural. Esses povos, também conhecidos como hábeis caçadores, pescadores e coletores, moldaram a paisagem e deixaram um legado cultural que perdura até os dias de hoje.
Os sambaquis, criados pelos povos originários conhecidos como “Homens do Sambaqui”, são montículos artificiais construídos com conchas, ossos e outros materiais orgânicos, são testemunhas da presença desses povos antigos na região. Esses monumentos funerários e de descarte de conchas revelam informações valiosas sobre a dieta, os costumes e a organização social desses grupos indígenas. Além dos sambaquis, outros vestígios arqueológicos, como ferramentas de pedra e cerâmica, comprovam a ocupação humana da região desde tempos remotos.
sítios arqueológicos
A região do Parque Caminho do Peabiru, em Barra Velha, abriga um rico patrimônio arqueológico que remonta a milhares de anos. Pesquisas arqueológicas revelaram a presença de diversos sítios arqueológicos, principalmente sambaquis, que testemunham a ocupação humana da região por povos coletores-pescadores. Esses grupos, hábeis na exploração dos recursos marinhos e lacustres, construíram e habitaram sambaquis por cerca de 4 mil anos, deixando um legado cultural de grande importância.
Os sambaquis, verdadeiros montículos de conchas e outros materiais orgânicos, oferecem informações valiosas sobre a vida desses povos antigos. Através da análise dos artefatos encontrados nos sambaquis, como ferramentas de pedra, ossos e conchas, os pesquisadores podem reconstruir aspectos da dieta, das atividades cotidianas e da organização social desses grupos. Além dos sambaquis, outros sítios arqueológicos, como oficinas líticas e sítios de sepultamento, também foram identificados na região, enriquecendo ainda mais nosso conhecimento sobre a pré-história da região.
O antigo cemitério da lagoa, onde está sepultado os primeiros habitantes brancos da região da foz do rio Itapocu, e também um dos mais antigos da orla catarinense (sua origem é prevista para meados do século XVIII), está localizado nas proximidades do Parque. No passado os habitantes de Barra Velha e ribeirinhos deste respectivo rio, se deslocavam de canoas (cortejo fúnebre) para conduzir os mortos para este local.
Estes são os sítios arqueológicos do município:
- Sambaqui Rio Itapocu
- Sambaqui Faisqueira I
- Sambaqui Faisqueira II
- Sítio raso de sepultamento Barra Velha I
- Oficina Lítica Ponta dos Náufragos
- Antigo Cemitério da Lagoa (em processo de reconhecimento)
Caminho do Peabiru
O Caminho do Peabiru é um caminho muito antigo que, segundo os pesquisadores, passava pela região de Barra Velha. Esse caminho ligava o Oceano Atlântico, aqui no Brasil, ao Oceano Pacífico, atravessando florestas, rios e montanhas. Ele foi usado pelos povos indígenas há muitos anos e ajudava as pessoas a viajarem e trocarem produtos entre diferentes regiões da América do Sul.
Os estudiosos ainda não têm certeza sobre o verdadeiro motivo da criação desse caminho, mas algumas pessoas acreditam que os indígenas Guaranis o usavam em busca de um lugar sagrado chamado “Terra Sem Mal”, onde tudo era perfeito e ninguém morria. Outros pensam que ele era a melhor maneira de atravessar o continente e trocar coisas entre as diferentes culturas indígenas.
Hoje, o Caminho do Peabiru é estudado por muitos especialistas e está sendo valorizado como uma parte importante da história. Em Barra Velha, foi criado o Parque Natural Municipal Caminho do Peabiru, que preserva a natureza da região e lembra a importância desse antigo caminho. Agora, há também iniciativas para transformar o Peabiru em uma rota turística, parecida com o famoso Caminho de Santiago de Compostela.
história do Parque
O Parque Natural Municipal Caminho do Peabiru possui uma história recente, mas rica em significado.Criado em 2007 através do Decreto Municipal 428/2007, o parque surgiu com o objetivo de preservar um importante fragmento da Mata Atlântica e os vestígios históricos da região. Sua criação foi impulsionada pela necessidade de compensar impactos ambientais causados por empreendimentos na área, atendendo às exigências legais para o licenciamento ambiental.
Ao longo dos anos, o Parque Caminho do Peabiru passou por diversas etapas de planejamento e gestão. Em 2011, foi elaborado o primeiro Plano de Manejo, um documento fundamental para orientar as ações de conservação e uso sustentável da unidade de conservação. Nos anos seguintes, o parque enfrentou desafios relacionados à sua implantação e gestão, mas com a atualização do Plano de Manejo em 2022 e a criação do Conselho Gestor em 2014, foram dados passos importantes para garantir a proteção e valorização desse importante patrimônio natural e cultural.
história de Barra Velha
A partir do século XVIII, exploradores chamados bandeirantes chegaram à região para procurar ouro no rio Itapocu. Com o tempo, várias famílias vindas de Portugal, especialmente dos Açores, começaram a morar pela região entre os anos de 1780 e 1830. Eles ajudaram a construir a cidade e trouxeram costumes que até hoje fazem parte da cultura local.
Mais tarde, no século XIX, outras pessoas vindas da Alemanha e da Itália se mudaram para Barra Velha. Nessa época, a cidade era uma vila pequena, ligada a São Francisco do Sul. O comércio e a comunicação eram feitos, principalmente, por barcos que navegavam entre os portos da região. A pesca e a agricultura, como a produção de farinha de mandioca e açúcar, eram as atividades mais comuns.
A cidade de Barra Velha se tornou oficialmente um município em 1961, com a eleição do primeiro prefeito. Ao longo dos anos, ela cresceu e se desenvolveu, sempre mantendo suas tradições e a importância das diferentes culturas que ajudaram a formar sua população. Hoje, Barra Velha é uma cidade próspera, com cerca de 30 mil habitantes, e continua a ser um lugar cheio de história e belezas naturais.



curiosidades históricas da área do Parque e seu entorno
Em meados da década de 50 o empresário paulista Alonso Braga era proprietário destas terras, onde chegou a criar búfalo e gado de corte. Braga muitas vezes trazia sua neta, Sonia Braga (reconhecida atriz nacional), que segundo algumas memórias, passou parte de sua infância na área.
Posteriormente as terras foram vendidas para esotérico, ufólogo e enigmático Walter Isidor Siegmeister, que acreditava no melhoramento do homem a partir de uma alimentação orgânica mais equilibrada e uma vida natural. Siegmaister tentou implantar no lugar (área onde hoje é o parque), uma comunidade alternativa que ele chamou de “Nova Califórnia, subtropical Organic Farm Community”, um assentamento agrícola dedicado a agricultura biológica. Para os americanos, a lagoa (laguna) de Barra Velha e suas adjacências, por conta da sua baixa radioatividade, era o lugar mais seguro do planeta em caso de um conflito nuclear.
Atualmente, no Parque, há vestígios de um poço artesiano que provavelmente foi construído pelos americanos nesta época.
Além de tantas histórias e curiosidades, o parque é uma pequena reserva da mata atlântica, que abriga uma variedade de animais e plantas, como o “Tucum” (Bactris sedosa) por exemplo, uma espécie de patrimônio cultural de Barra Velha (no passado as fibras de tucum eram usadas para fazer fios, utilizados na confecção de redes, tarrafas e espinheis, utilizados na pesca artesanal).
Aproximadamente entre a década de 60 e 70, houve extração de rochas dentro da área do Parque, na região do Morrete. Atualmente, é possível verificar marcas das talhadeiras nas rochas que ainda estão no topo do Morretes.
pesca
A pesca artesanal em Barra Velha possui raízes profundas, conectadas à história da ocupação humana da região. Os primeiros habitantes, povos indígenas, já exploravam os recursos marinhos, utilizando técnicas de pesca que foram transmitidas de geração em geração. A rica diversidade de peixes, moluscos e crustáceos encontrados na região fornecia sustento e moldava a cultura desses povos.
Com a chegada dos imigrantes açorianos no século XIX, a pesca artesanal em Barra Velha ganhou um novo impulso. Os açorianos, experientes na pesca, adaptaram suas técnicas às condições locais, combinando-as com o conhecimento dos indígenas. A criação da Colônia de Pescadores Artesanais consolidou a pesca como uma atividade econômica fundamental para a região, e a cidade de Barra Velha se desenvolveu em torno dessa atividade.
Ao longo dos anos, a pesca artesanal em Barra Velha enfrentou diversas transformações. A urbanização, o crescimento do turismo e o desenvolvimento da pesca industrial trouxeram novos desafios para os pescadores artesanais. A disputa por território, a poluição da laguna e as restrições legais impactaram significativamente a atividade. No entanto, a pesca artesanal resistiu, preservando suas tradições e adaptando-se às novas realidades. Atualmente, a pesca artesanal em Barra Velha é uma atividade que combina a tradição com a inovação, buscando um equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e a garantia da subsistência dos pescadores.
turismo
Barra Velha é um destino turístico procurado por visitantes bem diversificados. Com uma rica variedade de paisagens, desde praias exuberantes e laguna até áreas de mata nativa, a cidade oferece diversas opções de lazer e aventura. As praias são um dos principais atrativos turísticos, com águas calmas e limpas, ideais para o banho e a prática de esportes aquáticos como surf, stand-up paddle e kitesurfe. Além das praias, a cidade conta com trilhas ecológicas, mirantes com vistas panorâmicas e a charmosa Lagoa de Barra Velha, um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza.
O turismo em Barra Velha tem se desenvolvido de forma sustentável, com foco na preservação do meio ambiente e na valorização da cultura local. A cidade oferece uma infraestrutura completa para receber os turistas, com hotéis, pousadas, restaurantes e diversas opções de comércio. Além disso, Barra Velha possui um calendário repleto de eventos culturais e festividades, que animam a cidade durante todo o ano. A gastronomia local também é um destaque, com pratos típicos da culinária catarinense e frutos do mar frescos.
Os principais pontos turísticos são:
- Praias
- Laguna de Barra Velha
- Morro do Cristo
- Ponte Pênsil
- Praça Lauro Carneiro de Loyola
- Casa de Palmitos
A região também oferece:
- Festa Nacional do Pirão
- Festa do Divino Espírito Santo
- Festa de Nossa Senhora dos Navegantes
- Boi-de-Mamão
- Terno de Reis